Untitled Story - Chapter 02 - Leaving (In Portuguese)
Whew! Another chapter that I translated! You can find the original in english here: http://www.furaffinity.net/view/13172596/
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Capítulo 2 - Indo Embora
Depois de brincar com o irmão um pouco, Fahl conseguiu ver um pedaço do noticiário, e mostrava pessoas que ele conhecia, como o dono de uma padaria perto de sua casa. Ele havia falado algo de deixar a cidade, mas o dragão não ouviu toda a reportagem e nem se interessou muito pelo que estava sendo dito, no entanto, aquelas poucas frases que ouvira perduraram por sua mente por um longo tempo, até a hora de dormir. O irmão simplesmente desmaiou na cama, como sempre. O dragão negro já demorou um pouco mais para dormir, mas assim que o fez, teve um sono tranquilo.
Pelo menos até ele ser acordado pela mão de seu pai, que o chacoalhava violentamente. Ele bocejou e olhou pela janela de seu quarto - e ainda era noite. Seu quarto estaria completamente escuro se não fosse a pequena quantidade de luz que vinha da lâmpada acesa na sala, que penetrava no quarto pela porta aberta.
- Quê...? - Fahl coçou a sua testa, e depois a sua nuca, abrindo seus olhos com esforço hercúleo, ainda se sentindo em outro local. - Que tá acontecendo?
- Aquelas... Coisas estão vindo muito rápido pra nossa cidade, muito mais rápido do que qualquer pessoa calculou. A gente precisa ir pra um outro canto. Acorda seu irmão e só fala que precisamos acordar mais cedo que o normal, e ajude ele a tirar o pijama.
- Que coisas são essas que você falou? - o menino disse, coçando os olhos.
- Monstros, muitos deles. Eles vieram mais rápido do que pensávamos pra nossa cidade e são muitos, ninguém nunca viu tantos. O exército não vai salvar a gente.
- A gente vai ter que ir embora de casa?!
- Filho, deixa as perguntas pra depois, só me obedece.
- Desculpa, pai... - Fahl respondeu, mais sonolento do que desanimado.
No entanto, assim que ele terminara sua frase, olhou para o lado e viu que seu pai já não estava mais no quarto. Ele obedeceu as ordens de Thanos, contudo. Depois de bocejar mais uma vez e reunir toda a sua coragem, se levantou da cama e tentou acordar seu irmão, dizendo que precisavam acordar mais cedo.
A mãe dos irmãos, Kilina, adentrou o quarto, usando uma camiseta branca, uma jaqueta marrom clara e jeans, visivelmente triste e preocupada com alguma coisa. Uma grande mochila vazia estava pendurada em seu braço direito, e depois de rapidamente abrí-la, ela parou em frente ao guarda-roupa e olhou para seus dois filhos.
- Vão para a cozinha tomar café, meus pequenos dragões. E por favor, comam bastante, eu duvido que vamos comer novamente tão cedo.
Fahl segurou uma das mãos de seu irmão assim que ele se sentou na cama e andou até a porta do quarto com o irmão, parando abruptamente.
- Mamãe, você precisa me falar o que tá acontecendo. Com todos os detalhes. - Ele terminou a frase virando a cabeça para trás, olhando para a sua mãe.
- Filho, eu não posso falar tudo agora porque a gente tem pouco tempo, mas a gente vai sair de casa.
- A gente vai voltar pra cá um dia? - Fahl perguntou, apertando a mão de Salos bem gentilmente de vez em quando, tentando mantê-lo acordado Ele estava literalmente quase dormindo em pé.
- Acho que não, quase certeza que não. Vamos morar em outra cidade.
- Mas e nossas coisas, mãe? Vai deixar por aqui, mesmo?!
- Filho...
- Isso não é justo, mãe! A gente n-
- Para! Para de perder o seu tempo e vai comer alguma coisa!
Fahl fez beicinho por um momento, irritado e fazendo um "humph." Ele deixou o quarto de vez agora, e rapidamente se direcionou para a cozinha. Lá, ele encontrou panquecas geladas dividida em dois pratos e que provavelmente foram feitas pela mãe. Depois de cobrir as panquecas com uma grande quantidade de xarope de maple, ele pegou um pouco de leite gelado da geladeira e serviu em duas canecas, uma delas branca e escrita em preto "Viciado em cafeína!". Depois disso tudo, ele ajudou Salos a comer, cortando as panquecas com garfo e faca em pedaços pequenos. Quando estava prestes a dizer para o irmão que poderia comer, Ele já estava com a cabeça levemente tombada para o lado e dormindo profundamente, seu cabelo curto e branco pendendo um pouco. Ele sentiu um pouco de pena do irmão e logo concluiu que era melhor deixá-lo dormir um pouco.
Após comer rapidamente tudo que conseguiu, Fahl andou perdido em seus pensamentos pela casa, pelo menos até alcançar a sala. Lá, seu pai estava abrindo e fechando vários zípers de sua mochila, conferindo se os objetos que precisava estavam lá.
- Filho, vai lá por a mão na massa. Vai pro seu quarto e separa algumas roupas de frio suas. Do Salos também.
Fahl cruzou os braços e olhou seriamente para o pai.
- Que foi, agora? Eu disse que a gente não tinha tempo pra isso, Fahl. Eu não vou falar isso de novo! - ele terminou a frase ao pegar sua carteira, que estava em cima do sofá. - Só faz o que eu tô pedindo. Por favor, a gente realmente não tem tempo.
Fahl foi para seu quarto, um tanto quanto revoltado. O que diabos era tão errado e tão grave assim que eles tinham que sair de casa e deixar tudo pra trás? A horda de mutantes era realmente tão grande dessa vez? Ele lembrava de ter visto notícias quando era mais novo de ataques realizados por mutantes, mas eram raros e tão fracos que ninguém se preocupava com eles. Ele obedeceu o pai e rapidamente separou as roupas que iria vestir para sair e as que colocaria dentro das mochilas. Fez o mesmo com a do Salos, alguns pares de calça, blusas de moletom, jaquetas, cuecas e outras coisas que achasse útil. Dentro das coisas que considerava útil, estava o livro de história em quadrinhos 115 do SuperFur - sua favorita até então das poucas que leu - e a foto que ficava dentro de um porta retrato que ficava em seu quarto. Era uma foto de família, onde a família se dividia em duas fileiras: Na de trás, localizavam-se os seus pais, Kilina e Thanos, se abraçando por trás das costas. Na fileira da frente, estavam os filhos, com tanto ele quanto Salos olhando para a câmera. A família se encontrava sentada em um gramado, encontrado no parque perto de sua casa, no verão, sob a sombra de algumas árvores. Por fim, estava um desenho que Salos havia feito quando era mais novo, com giz de cera e lápis de cor, dele e de sua família.
- Não tem espaço pra isso tudo. - Seu pai disse, assim que adentrou o quarto e viu objetos separados sobre a cama.
- Como não tem? A gente PRECISA ter espaço pra isso! - O garoto respondeu, em tom revoltado.
- Eu disse pra separar o que é importante, e não peso extra! - Thanos retrucou, tão nervoso que Fahl não se lembrava da última vez que vira o pai assim.
- Mas é importante. Pra mim! - Fahl segurou seu livro de história em quadrinhos e o abraçou, como se sua vida dependesse daquelas páginas coloridas.
- Pára de me desobedecer, filho. A gente não vai levar isso!
- Que bagunça é essa?! - disse uma voz feminina. Era a mãe de Fahl, que se encontrava no batente do quarto. - Por que estão brigando?
Thanos logo se colocou à frente e disse: "Fahl ficou nervoso comigo porque eu disse que não temos espaço pra esse livro idiota. Ele só tá fazendo birra."
Fahl arregalou os olhos, consumido pela fúria, e quando estava prestes a reclamar da forma mais irritada possível, sua mãe falou algo que o surpreendeu:
- E ele tá CERTÍSSIMO, Thanos. Essas coisas fizeram parte do nosso passado e o nosso passado nos define. Faz parte da gente. Sem contar que isso pode servir pra tirar o tédio das crianças. - A mãe pousou os olhos em seu filho por um ou dois segundos e então ela tornou a encarar o marido - e nós VAMOS arranjar espaço pra isso, não é mesmo, Thanos? - Ela disse séria, com o olhar mortal que somente uma mãe consegue fazer.
Thanos respondeu:
- Então coloca essas coisas na sua mochila, porque eu não vou ficar carregando merda. - e ele saiu do quarto, apressado.
- Não liga pro seu pai, filho. Ele só tá meio nervoso com todas essas notícias ruins. - Kilina aproximou de Fahl e acariciou os seus cabelos, carinhosamente.
- Já que ele não tá aqui... O que são essas notícias ruins, mãe? Esses mutantes?
- A gente nunca te contou porque é algo complicado, mas eles basicamente matam tudo que veem por aí, a maioria das vezes pra comer. Mas eles costumam ser muito agressivos, e são perigosos.
- E essas coisas tão invadindo nossa cidade?
- Sim, filho. Infelizmente. O exército que protege Denan é muito pequeno e fraco, e de acordo com as notícias, parece que vão vir mutantes demais dessa vez. Eles não vão dar conta e estão evacuando o lugar. Por isso a gente precisa ir, pro nosso bem.
- Valeu por explicar, mãe... - Fahl disse, tanto preocupado como aliviado por saber o motivo de seus pais estarem tão esquisitos.
- Eu não sei como vai s- - Ela interrompeu seu diálogo quando ouviu seu marido pedindo ajuda, de algum canto da casa. Decidiu então encurtar a sua frase. - Tudo vai dar certo, Fahl. Se ficarmos juntos, tudo vai dar certo.
Com isso em mente, Fahl se sentiu mais preparado pro que teria de lidar. Sua mãe deixou o quarto e poucos segundos depois ela gritou um palavrão, o que o assustou, já que ela nunca os usava, só quando estava realmente muito chocada ou irritada com algo. Ele decidiu investigar o que estava acontecendo, ao se direcionar para a sala.
Quando alcançou o cômodo, viu que o sofá estava fora do lugar e o tapete jogado e dobrado em um dos cantos. O móvel em que a televisão ficava em cima também havia sido movido um pouco para o lado, e no local que era coberto pelo tapete, estava uma escadaria que levava para um... Porão? A sua casa tinha um porão?
Kilina e Thanos rapidamente saíram do buraco que havia no chão. A mãe parecia bem surpresa - ou brava, era difícil de dizer olhando o seu rosto - e seu pai estava carregando uma shotgun em suas costas, presa a uma corda, e em suas mãos, uma pistola e um revólver antigo. Seus bolsos também pareciam estar cheios, provavelmente munição, Fahl concluiu.
- Você nunca me contou que a gente tinha um porão, Thanos! E quando você conseguiu dinheiro pra comprar essas armas? Ou você as roubou?! E além de tudo isso, como você escondeu isso de baixo da nossa cara? - Ela falava tudo tão rápido e perguntava tantas coisas que era até difícil de absorver tudo de uma vez.
- Lembra dos dias que eu chegava mais tarde que o normal? - O dragão negro respondeu calmamente, coçando sua cabeça escamosa - Pois é. Eu dizia que tava trabalhando e realmente tava, mas com isso, consegui uma grana que nunca dividi com você. Eu achei esse alçapão uns anos atrás, e aparentemente você nunca nem notou. O que é uma surpresa de certo modo pra mim, mas você nunca presta muita atenção nos detalhes das coisas, então... Sim, a gente tem um porão.
O pai entregou a pistola para Kilina, que a segurou firmemente antes de colocá-la no bolso da calça, recebendo dois ou três cartuchos de munição logo após. Ele entregou o revólver para Fahl, que o segurou e analisou a arma de todos os ângulos possíveis. Era pesada, ele logo percebeu. Ele também recebeu algumas balas, não mais que 15.
- Isso, é pra você usar se a situação ficar muito feia. Não vai ficar, mas prevenir nunca é demais. É só apontar e atirar. Cuidado com o coice, é bem forte.
Thanos rapidamente ensinou Kilina a usar a pistola e a tirar e colocar a trava de segurança, caso precisasse usá-la. Ele também ensinou como recarregar. Após isso, ele tirou a shotgun de suas costas e a recarregou com mais ou menos 8 balas, dando pump nela logo após.
- Acho que já dá pra gente ir embora. - Thanos olhou em volta para ver se estava esquecendo de algo, mas tudo parecia estar em ordem. Água, comida, roupas, dinheiro... E armas. Só precisavam acordar Salos.
- Não seria mais fácil de voássemos? - Fahl sugeriu, ao olhar para suas costas desprovida de asas. Ele não sabia como fazia isso, mas tanto ele quanto sua família conseguiam fazê-las brotar de suas costas sem o menor sacrifício, e sem dor. Quando não estavam aparentes, também não deixavam nenhuma marca em seu dorso. Era incrivelmente estranho, mas funcionava.
- Não ia funcionar. - O pai disse, colocando a arma em suas costas novamente. - A gente não conseguiria bater as asas com as mochilas nas costas, e você e o Salos não voam bem, ainda. Sem contar que tem mutantes que voam, encontrar eles por aí voando seria morte. E a gente tá escapando disso.
- Ah... Entendi. - A criança disse, imaginando ambas as cenas em sua cabeça. Não era nada agradável.
Thanos adentrou a cozinha e olhou para Salos, que dormia com a cabeça sobre a mesa, de boca escancarada e um pouco de saliva escorrendo pelas laterais, molhando a superfície do móvel. Era uma das cenas mais fofas do mundo e ele realmente se sentiu culpado por interrompê-la ao chacoalhar seu filho gentilmente. O dragão de cabelos brancos acordou e bocejou longamente, coçando os olhos em ritmo lento e constante.
Kilina pegou as chaves de casa de uma das gavetas da cozinha e as inseriu no mecanismo da porta, torcendo-a lentamente e destrancando a porta, produzindo um gentil 'click'. Ela virou a maçaneta de ferro e porta branca de madeira se abriu, gemendo.
Fahl sentiu uma grande lufada de vento frio vindo de fora e ficou agradecido ao ver como suas roupas o isolavam termicamente. A rua não tinha nenhum sinal de neve, mas a família inteira sabia que nevaria logo, já que estavam no fim do verão. Thanos segurou a mão de Salos e deu o primeiro passo para fora de casa, depois o segundo e então o terceiro, descendo os degraus que serviam de decoração e levavam para a entrada da casa. Kilina rapidamente o seguiu, e Fahl ficou para trás. Ele se virou lentamente para dar uma última olhadela para a casa. Era difícil deixar tudo para trás, todos os bons momentos que passaram ali, todos os aprendizados que ele teve ali. Nunca havia visto muito do mundo afora, e por isso, era como abandonar um pedaço dele mesmo. As lembranças nostálgicas inundavam a sua mente, dos principais momentos de sua vida. Ele esboçou um sorriso, mesclado com tristeza, e fechou a porta do lado de fora, trancando-a com duas voltas da chave. Ele só esperava ver aquela casa um dia novamente.
"Não vai vir, Fahl? A gente precisa ir e chegar no terminal!" Thanos disse, parando de andar momentaneamente e gesticulando com os braços para o filho alcançá-los depressa.
Fahl tirou a chave de dentro da porta e olhou para elas por um momento. Esse seria um adeus, mas talvez não definitivo. Pelo menos era o que ele queria que fosse. Ele desceu os degraus e correu um pouco para alcançar os seus pais.
Capítulo 2
FIM
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Próximo Capítulo:http://www.furaffinity.net/view/15719854/
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Capítulo 2 - Indo Embora
Depois de brincar com o irmão um pouco, Fahl conseguiu ver um pedaço do noticiário, e mostrava pessoas que ele conhecia, como o dono de uma padaria perto de sua casa. Ele havia falado algo de deixar a cidade, mas o dragão não ouviu toda a reportagem e nem se interessou muito pelo que estava sendo dito, no entanto, aquelas poucas frases que ouvira perduraram por sua mente por um longo tempo, até a hora de dormir. O irmão simplesmente desmaiou na cama, como sempre. O dragão negro já demorou um pouco mais para dormir, mas assim que o fez, teve um sono tranquilo.
Pelo menos até ele ser acordado pela mão de seu pai, que o chacoalhava violentamente. Ele bocejou e olhou pela janela de seu quarto - e ainda era noite. Seu quarto estaria completamente escuro se não fosse a pequena quantidade de luz que vinha da lâmpada acesa na sala, que penetrava no quarto pela porta aberta.
- Quê...? - Fahl coçou a sua testa, e depois a sua nuca, abrindo seus olhos com esforço hercúleo, ainda se sentindo em outro local. - Que tá acontecendo?
- Aquelas... Coisas estão vindo muito rápido pra nossa cidade, muito mais rápido do que qualquer pessoa calculou. A gente precisa ir pra um outro canto. Acorda seu irmão e só fala que precisamos acordar mais cedo que o normal, e ajude ele a tirar o pijama.
- Que coisas são essas que você falou? - o menino disse, coçando os olhos.
- Monstros, muitos deles. Eles vieram mais rápido do que pensávamos pra nossa cidade e são muitos, ninguém nunca viu tantos. O exército não vai salvar a gente.
- A gente vai ter que ir embora de casa?!
- Filho, deixa as perguntas pra depois, só me obedece.
- Desculpa, pai... - Fahl respondeu, mais sonolento do que desanimado.
No entanto, assim que ele terminara sua frase, olhou para o lado e viu que seu pai já não estava mais no quarto. Ele obedeceu as ordens de Thanos, contudo. Depois de bocejar mais uma vez e reunir toda a sua coragem, se levantou da cama e tentou acordar seu irmão, dizendo que precisavam acordar mais cedo.
A mãe dos irmãos, Kilina, adentrou o quarto, usando uma camiseta branca, uma jaqueta marrom clara e jeans, visivelmente triste e preocupada com alguma coisa. Uma grande mochila vazia estava pendurada em seu braço direito, e depois de rapidamente abrí-la, ela parou em frente ao guarda-roupa e olhou para seus dois filhos.
- Vão para a cozinha tomar café, meus pequenos dragões. E por favor, comam bastante, eu duvido que vamos comer novamente tão cedo.
Fahl segurou uma das mãos de seu irmão assim que ele se sentou na cama e andou até a porta do quarto com o irmão, parando abruptamente.
- Mamãe, você precisa me falar o que tá acontecendo. Com todos os detalhes. - Ele terminou a frase virando a cabeça para trás, olhando para a sua mãe.
- Filho, eu não posso falar tudo agora porque a gente tem pouco tempo, mas a gente vai sair de casa.
- A gente vai voltar pra cá um dia? - Fahl perguntou, apertando a mão de Salos bem gentilmente de vez em quando, tentando mantê-lo acordado Ele estava literalmente quase dormindo em pé.
- Acho que não, quase certeza que não. Vamos morar em outra cidade.
- Mas e nossas coisas, mãe? Vai deixar por aqui, mesmo?!
- Filho...
- Isso não é justo, mãe! A gente n-
- Para! Para de perder o seu tempo e vai comer alguma coisa!
Fahl fez beicinho por um momento, irritado e fazendo um "humph." Ele deixou o quarto de vez agora, e rapidamente se direcionou para a cozinha. Lá, ele encontrou panquecas geladas dividida em dois pratos e que provavelmente foram feitas pela mãe. Depois de cobrir as panquecas com uma grande quantidade de xarope de maple, ele pegou um pouco de leite gelado da geladeira e serviu em duas canecas, uma delas branca e escrita em preto "Viciado em cafeína!". Depois disso tudo, ele ajudou Salos a comer, cortando as panquecas com garfo e faca em pedaços pequenos. Quando estava prestes a dizer para o irmão que poderia comer, Ele já estava com a cabeça levemente tombada para o lado e dormindo profundamente, seu cabelo curto e branco pendendo um pouco. Ele sentiu um pouco de pena do irmão e logo concluiu que era melhor deixá-lo dormir um pouco.
Após comer rapidamente tudo que conseguiu, Fahl andou perdido em seus pensamentos pela casa, pelo menos até alcançar a sala. Lá, seu pai estava abrindo e fechando vários zípers de sua mochila, conferindo se os objetos que precisava estavam lá.
- Filho, vai lá por a mão na massa. Vai pro seu quarto e separa algumas roupas de frio suas. Do Salos também.
Fahl cruzou os braços e olhou seriamente para o pai.
- Que foi, agora? Eu disse que a gente não tinha tempo pra isso, Fahl. Eu não vou falar isso de novo! - ele terminou a frase ao pegar sua carteira, que estava em cima do sofá. - Só faz o que eu tô pedindo. Por favor, a gente realmente não tem tempo.
Fahl foi para seu quarto, um tanto quanto revoltado. O que diabos era tão errado e tão grave assim que eles tinham que sair de casa e deixar tudo pra trás? A horda de mutantes era realmente tão grande dessa vez? Ele lembrava de ter visto notícias quando era mais novo de ataques realizados por mutantes, mas eram raros e tão fracos que ninguém se preocupava com eles. Ele obedeceu o pai e rapidamente separou as roupas que iria vestir para sair e as que colocaria dentro das mochilas. Fez o mesmo com a do Salos, alguns pares de calça, blusas de moletom, jaquetas, cuecas e outras coisas que achasse útil. Dentro das coisas que considerava útil, estava o livro de história em quadrinhos 115 do SuperFur - sua favorita até então das poucas que leu - e a foto que ficava dentro de um porta retrato que ficava em seu quarto. Era uma foto de família, onde a família se dividia em duas fileiras: Na de trás, localizavam-se os seus pais, Kilina e Thanos, se abraçando por trás das costas. Na fileira da frente, estavam os filhos, com tanto ele quanto Salos olhando para a câmera. A família se encontrava sentada em um gramado, encontrado no parque perto de sua casa, no verão, sob a sombra de algumas árvores. Por fim, estava um desenho que Salos havia feito quando era mais novo, com giz de cera e lápis de cor, dele e de sua família.
- Não tem espaço pra isso tudo. - Seu pai disse, assim que adentrou o quarto e viu objetos separados sobre a cama.
- Como não tem? A gente PRECISA ter espaço pra isso! - O garoto respondeu, em tom revoltado.
- Eu disse pra separar o que é importante, e não peso extra! - Thanos retrucou, tão nervoso que Fahl não se lembrava da última vez que vira o pai assim.
- Mas é importante. Pra mim! - Fahl segurou seu livro de história em quadrinhos e o abraçou, como se sua vida dependesse daquelas páginas coloridas.
- Pára de me desobedecer, filho. A gente não vai levar isso!
- Que bagunça é essa?! - disse uma voz feminina. Era a mãe de Fahl, que se encontrava no batente do quarto. - Por que estão brigando?
Thanos logo se colocou à frente e disse: "Fahl ficou nervoso comigo porque eu disse que não temos espaço pra esse livro idiota. Ele só tá fazendo birra."
Fahl arregalou os olhos, consumido pela fúria, e quando estava prestes a reclamar da forma mais irritada possível, sua mãe falou algo que o surpreendeu:
- E ele tá CERTÍSSIMO, Thanos. Essas coisas fizeram parte do nosso passado e o nosso passado nos define. Faz parte da gente. Sem contar que isso pode servir pra tirar o tédio das crianças. - A mãe pousou os olhos em seu filho por um ou dois segundos e então ela tornou a encarar o marido - e nós VAMOS arranjar espaço pra isso, não é mesmo, Thanos? - Ela disse séria, com o olhar mortal que somente uma mãe consegue fazer.
Thanos respondeu:
- Então coloca essas coisas na sua mochila, porque eu não vou ficar carregando merda. - e ele saiu do quarto, apressado.
- Não liga pro seu pai, filho. Ele só tá meio nervoso com todas essas notícias ruins. - Kilina aproximou de Fahl e acariciou os seus cabelos, carinhosamente.
- Já que ele não tá aqui... O que são essas notícias ruins, mãe? Esses mutantes?
- A gente nunca te contou porque é algo complicado, mas eles basicamente matam tudo que veem por aí, a maioria das vezes pra comer. Mas eles costumam ser muito agressivos, e são perigosos.
- E essas coisas tão invadindo nossa cidade?
- Sim, filho. Infelizmente. O exército que protege Denan é muito pequeno e fraco, e de acordo com as notícias, parece que vão vir mutantes demais dessa vez. Eles não vão dar conta e estão evacuando o lugar. Por isso a gente precisa ir, pro nosso bem.
- Valeu por explicar, mãe... - Fahl disse, tanto preocupado como aliviado por saber o motivo de seus pais estarem tão esquisitos.
- Eu não sei como vai s- - Ela interrompeu seu diálogo quando ouviu seu marido pedindo ajuda, de algum canto da casa. Decidiu então encurtar a sua frase. - Tudo vai dar certo, Fahl. Se ficarmos juntos, tudo vai dar certo.
Com isso em mente, Fahl se sentiu mais preparado pro que teria de lidar. Sua mãe deixou o quarto e poucos segundos depois ela gritou um palavrão, o que o assustou, já que ela nunca os usava, só quando estava realmente muito chocada ou irritada com algo. Ele decidiu investigar o que estava acontecendo, ao se direcionar para a sala.
Quando alcançou o cômodo, viu que o sofá estava fora do lugar e o tapete jogado e dobrado em um dos cantos. O móvel em que a televisão ficava em cima também havia sido movido um pouco para o lado, e no local que era coberto pelo tapete, estava uma escadaria que levava para um... Porão? A sua casa tinha um porão?
Kilina e Thanos rapidamente saíram do buraco que havia no chão. A mãe parecia bem surpresa - ou brava, era difícil de dizer olhando o seu rosto - e seu pai estava carregando uma shotgun em suas costas, presa a uma corda, e em suas mãos, uma pistola e um revólver antigo. Seus bolsos também pareciam estar cheios, provavelmente munição, Fahl concluiu.
- Você nunca me contou que a gente tinha um porão, Thanos! E quando você conseguiu dinheiro pra comprar essas armas? Ou você as roubou?! E além de tudo isso, como você escondeu isso de baixo da nossa cara? - Ela falava tudo tão rápido e perguntava tantas coisas que era até difícil de absorver tudo de uma vez.
- Lembra dos dias que eu chegava mais tarde que o normal? - O dragão negro respondeu calmamente, coçando sua cabeça escamosa - Pois é. Eu dizia que tava trabalhando e realmente tava, mas com isso, consegui uma grana que nunca dividi com você. Eu achei esse alçapão uns anos atrás, e aparentemente você nunca nem notou. O que é uma surpresa de certo modo pra mim, mas você nunca presta muita atenção nos detalhes das coisas, então... Sim, a gente tem um porão.
O pai entregou a pistola para Kilina, que a segurou firmemente antes de colocá-la no bolso da calça, recebendo dois ou três cartuchos de munição logo após. Ele entregou o revólver para Fahl, que o segurou e analisou a arma de todos os ângulos possíveis. Era pesada, ele logo percebeu. Ele também recebeu algumas balas, não mais que 15.
- Isso, é pra você usar se a situação ficar muito feia. Não vai ficar, mas prevenir nunca é demais. É só apontar e atirar. Cuidado com o coice, é bem forte.
Thanos rapidamente ensinou Kilina a usar a pistola e a tirar e colocar a trava de segurança, caso precisasse usá-la. Ele também ensinou como recarregar. Após isso, ele tirou a shotgun de suas costas e a recarregou com mais ou menos 8 balas, dando pump nela logo após.
- Acho que já dá pra gente ir embora. - Thanos olhou em volta para ver se estava esquecendo de algo, mas tudo parecia estar em ordem. Água, comida, roupas, dinheiro... E armas. Só precisavam acordar Salos.
- Não seria mais fácil de voássemos? - Fahl sugeriu, ao olhar para suas costas desprovida de asas. Ele não sabia como fazia isso, mas tanto ele quanto sua família conseguiam fazê-las brotar de suas costas sem o menor sacrifício, e sem dor. Quando não estavam aparentes, também não deixavam nenhuma marca em seu dorso. Era incrivelmente estranho, mas funcionava.
- Não ia funcionar. - O pai disse, colocando a arma em suas costas novamente. - A gente não conseguiria bater as asas com as mochilas nas costas, e você e o Salos não voam bem, ainda. Sem contar que tem mutantes que voam, encontrar eles por aí voando seria morte. E a gente tá escapando disso.
- Ah... Entendi. - A criança disse, imaginando ambas as cenas em sua cabeça. Não era nada agradável.
Thanos adentrou a cozinha e olhou para Salos, que dormia com a cabeça sobre a mesa, de boca escancarada e um pouco de saliva escorrendo pelas laterais, molhando a superfície do móvel. Era uma das cenas mais fofas do mundo e ele realmente se sentiu culpado por interrompê-la ao chacoalhar seu filho gentilmente. O dragão de cabelos brancos acordou e bocejou longamente, coçando os olhos em ritmo lento e constante.
Kilina pegou as chaves de casa de uma das gavetas da cozinha e as inseriu no mecanismo da porta, torcendo-a lentamente e destrancando a porta, produzindo um gentil 'click'. Ela virou a maçaneta de ferro e porta branca de madeira se abriu, gemendo.
Fahl sentiu uma grande lufada de vento frio vindo de fora e ficou agradecido ao ver como suas roupas o isolavam termicamente. A rua não tinha nenhum sinal de neve, mas a família inteira sabia que nevaria logo, já que estavam no fim do verão. Thanos segurou a mão de Salos e deu o primeiro passo para fora de casa, depois o segundo e então o terceiro, descendo os degraus que serviam de decoração e levavam para a entrada da casa. Kilina rapidamente o seguiu, e Fahl ficou para trás. Ele se virou lentamente para dar uma última olhadela para a casa. Era difícil deixar tudo para trás, todos os bons momentos que passaram ali, todos os aprendizados que ele teve ali. Nunca havia visto muito do mundo afora, e por isso, era como abandonar um pedaço dele mesmo. As lembranças nostálgicas inundavam a sua mente, dos principais momentos de sua vida. Ele esboçou um sorriso, mesclado com tristeza, e fechou a porta do lado de fora, trancando-a com duas voltas da chave. Ele só esperava ver aquela casa um dia novamente.
"Não vai vir, Fahl? A gente precisa ir e chegar no terminal!" Thanos disse, parando de andar momentaneamente e gesticulando com os braços para o filho alcançá-los depressa.
Fahl tirou a chave de dentro da porta e olhou para elas por um momento. Esse seria um adeus, mas talvez não definitivo. Pelo menos era o que ele queria que fosse. Ele desceu os degraus e correu um pouco para alcançar os seus pais.
Capítulo 2
FIM
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